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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Era uma vez...

Acordei. Vi as horas, eram 8 em ponto. Levantei-me, e dirigi-me praticamente de olhos fechados até à casa de banho. Fiz o meu chichi matinal. Normal. Fui então até ao lavatório, lavei as mãos e o rosto. Aí é que senti a diferença. Olhei-me ao espelho, e fitei o meu rosto. Sabia que era eu, mas diferente. As minhas feições estavam mais envelhecidas, e já via alguns cabelos brancos. Foi então que me apercebi de tudo: olhei em meu redor, vi que a casa de banho era outra, que sentia ao mesmo tempo conhecer tão bem, mas sem nunca ter visto. Dirigi-me ao quarto, e a sensação era a mesma. Era um quarto espaçoso, com cores claras, entre o branco e o bege, que com a luz do sol o faziam maior e arejado. A mobília aparentava ser moderna, mas não tão abstracta como a maior parte que se via. E eu parei durante um minuto, a tentar perceber o que significava tudo aquilo. Senti o meu cérebro dar um nó. Como era possível algo ser ao mesmo tempo desconhecido e tão familiar? Belisquei-me, pensando para ver se era mesmo verdade, ou apenas mais um sonho como tantos outros, apesar de não tão abstracto e sem sentido como era costume. Enquanto acabava o meu raciocínio, ouvi passos. Fiquei sem saber o que fazer. Se ficar ali, se me esconder. Senti-me estúpido, ignorante, por não saber o que fazer com tanta informação ao mesmo tempo. A porta abriu-se, e a sensação do desconhecido-conhecido repetiu-se. Eu sabia quem ela era, sentia que a conhecia quase tão bem como a mim mesmo, que a amava, e que ela me amava a mim. Sem palavras, beijámo-nos num beijo que eu tão bem conhecia, mesmo sem saber como. Ela sorriu.
- Bom dia meu amor.
Senti aquilo como se fosse uma rotina. Retribui:
- Bom dia amor.
Assim que acabo de dizer isto, ouço vários passos que pareciam de várias pessoas, a um ritmo elevado. Olho para a porta novamente, e vejo entrar 3 criancinhas. Senti o meu coração disparar. Os meus olhos não aguentaram a emoção, e uma lágrima solitária percorreu o meu rosto.Baixei-me e abracei-os. Como tudo o resto, não sabia como processar a informação. Mas eu sabia de uma coisa: eram os meus filhos. O maior, de oito anos, era tal e qual como eu com aquela idade, pelo menos era o que a minha mãe dizia, apesar de me perguntar como sabia disso.

Continua(...)

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