O plano d’Ela era o que mais se aproximava da realidade, pelo simples facto de incluir algumas, mas não todas, Amigas da Faculdade. Apenas as mais chegadas foram incluídas naquele que poderia ser um dos dias mais importantes da vida d’Ela. Encontraram-se no café que desde o tempo de estudos era o ponto de encontro para longas horas de conversa e não só. Mas aquele era um dia especial. Devidamente acomodadas as Amigas da Faculdade e Ela em volta da mesa redonda, Ela remexe a mala em busca do envelope ainda selado das análises que lhe diriam se a sua suspeita era fundada ou não. Com o envelope nas mãos, suspirou e olhou em redor. As Amigas da Faculdade encorajavam-na de tanta curiosidade, até que finalmente Ela abre o envelope que confirma o facto: estava grávida. Tentou manter a expressão séria, de forma a iludir as companheiras que rodeavam. A expressão das Amigas da Faculdade foi-se fechando gradualmente, crentes na negatividade do resultado, quando Ela diz, “Agora tenho em mãos um problema… Quem vou escolher para madrinha?”. Logo as Amigas reagiram à boa nova, com pequenos saltos e gritos de alegria um tanto ou quanto estridentes. Porém, o pensamento d’Ela estava longe, pensando como iria dar a notícia àquele que era o pai o seu filho ou filha. Por entre planos e esquemas numa alongada conversa de horas, o sol já se escondia por trás da serra, e depois das despedidas, Ela tomou o seu rumo em direcção a casa.
O plano d’Ele, ao contrário do d’Ela, não estava nem perto do que Ela imaginava. Ele olhou nervosamente para o relógio. Tinha combinado às três e meia em frente à loja de antiguidades, local escolhido por ser um tanto ou quanto discreto e perto do destino final. Decidira que aquela seria a última vez, que poria um ponto final em toda aquela história que a seu ver há muito se arrastava. Tudo aquilo o fazia sentir mal. Cada vez que pensava n’Ela, sentia-se de consciência pesada, mas naqueles instantes era tudo tão indescritivelmente prazeroso, que por meros instantes fazia valer a pena. Enquanto estes pensamentos se cruzavam por entre a sua mente, A Outra aparece ao fim da rua, cruzando a esquina. Ele suspirou. A Outra estava mais provocante do que alguma vez a vira. O cabelo esticado ondulava ao sabor da brisa leve. O vestido vermelho justo parecia realçar ainda mais as curvas redondas de uma silhueta invejável. Tudo n’A Outra era como se fosse concebido para atrair mortalmente. Sem trocar uma palavra que fosse, seguiram caminho, até ao motel da vila. Palavras não se ouviram naquelas que foram longas horas dominadas pelo prazer e a luxúria, deixando as hormonas e os instintos animais falar mais alto que tudo. Depois de satisfeitos todos os prazeres carnais e humanos, Ele e A Outra tomaram um duche e saíram. Na porta do quarto, e antes de cada um seguir o seu rumo, calma mas firmemente, Ele disse “Acabou”, virando costas e seguindo em direcção a casa, alheio à reacção em mudo d’A Outra. Ficou estática por momentos, com os olhos prestes a rebentar em lágrimas, tremendo e cerrando os punhos como se fosse explodir a qualquer momento, porém, controlou-se. Respirou fundo, limpando cuidadosamente as lágrimas que não chegaram a cair, evitando borrões na maquilhagem. O seu rosto esboçou um sorriso perverso de quem anseia vingança, e nisto, seguiu o caminho oposto àquele que Ele havia seguido, porém, com o mesmo destino.
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