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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Os Opostos II

Ainda se lembrava da primeira vez que a vira. Estava sentado nos bancos do pavilhão A quando a viu entrar. O vento ondulava-lhe o cabelo castanho-claro, dando a impressão de slow-motion. O seu sorriso cintilante, na altura de aparelho, era algo de extraordinário, pensou ele. Naquele dia, pensou para si próprio, conhecera a rapariga dos seus sonhos. Desde então nunca mais deixara de a observar, de ter a necessidade de saber dela, de a ver. Queria falar com ela, mas a sua timidez impedia-o de travar amizade ou sequer de trocar uma palavra que fosse além do “não fumo”, quando ela lhe pedia isqueiro. Chegou mesmo a pensar em começar a fumar só para ter um motivo para prolongar a conversa. Porém, optara por apenas comprar um isqueiro, mas constatou que não surtia o efeito desejado, uma vez que agora em vez de “não fumo”, dizia “de nada”, cada vez que ela agradecia.
Tommy raramente saía à noite, era normalmente um rapaz recatado, que preferia uma bela noite a ver filmes do que ir para uma discoteca ouvir músicas de “pisar o vinho e apontar o dedo ao Senhor”. Mas naquela noite, não sabia porquê, sentia vontade de sair. Possivelmente por causa da insistência do João e da Mónica, que o convidaram para ir ao bar lá da zona para comemorar os seus 4 anos de namoro. Talvez por isso, acedera à insistência, e agarrara no carro para ir em direcção ao bar. Volvidas algumas horas, alguns copos e muitas gargalhadas, já estava a caminho de casa, quando vê uma rapariga estendida no chão, no meio da estrada. Abrandou o carro, mas trancou as portas e não parou. Sabia que havia muitos casos de assaltos em situações semelhantes. Mas ao aperceber-se de quem era, parou subitamente o carro e precipitou-se em direcção à silhueta inanimada no asfalto.

1 comentário:

  1. “pisar o vinho e apontar o dedo ao Senhor”. - DEMAIS!

    q lhe terá acontecido?

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